SAUDADES DAS CEBOLAS DO EGITO!
As cebolas do Egito se tornaram famosas muito mais pelas lamurias de Israel enquanto peregrinava pelo deserto, do que porque qualquer outra razão ou virtude.
O fato é que Israel fantasiou sobre as cebolas do Egito como nem os egípcios jamais o fizeram.
Mas eram as cebolas as simbolizações de tal desejo: comer cebolas.
Já tive uma compulsão por cebola...
Sim! Em 1998, no mês de dezembro, todo estressado, oprimido de todos os lados, temendo que meu corpo não agüentasse as pressões, os cercos, as ameaças, as sentenças, e tudo o mais — comecei a sentir necessidade de comer cebola.
Depois descobri que era meu corpo que estava pedindo a cebola. Posteriormente um médico veio a me receitar cebola e alho por 21 dias.
Que jejum! Somente cebola, alho, alface nas duas primeiras semanas, e, depois, somente cebola e alho; a salvação era poder beber muita água.
E não foi o médico do Conde Drácula quem me receitou tal dieta. Mas funcionou. E, como resultado, limpou meu sangue, que estava uma lama de plasma dês-sistematizado.
Entretanto, nunca mais senti tal desejo!
Como cebola de modo normal; e não sinto nenhum impulso especial, muito menos saudade de cebola.
Todavia, esse súbito desejo por cebolas do Egito é um fenômeno psicológico comum entre os homens.
Sentir saudades das cebolas do passado é a doença de muitos!
Ora, pergunta você:
O que é sentir saudades das cebolas do Egito?
O Egito é o passado. As cebolas são as transferências que se faz quando o que era ainda futuro se faz presente contra as nossas expectativas, ou ilusões, ou rabugices.
Assim, alguém pede a Deus libertação de algo ou de alguém, ou de uma situação terrível. Algo tão ruim quanto existir para construir Pirâmides para faraós.
Sim! Era uma relação adoecida e perversa, ou um casamento mal e odiento, ou ainda era um patrão tarado por controle.
A pessoa fica livre!...
Mas, então, depois de um tempo, sente saudades da doença como um porco deseja a lama!
Desse modo, a saudade da cebola do Egito é qualquer coisa que no passado tenha sido uma desgraça, e que, agora, pela falta de senso de realidade, se torne para nós o que nunca antes foi ou será.
É assim que toda hora vejo pessoas que me angustiavam a alma com suas dores, de súbito, terem a cara de pau de vir até mim dizendo maravilhas sobre aquilo mesmo que no passado as matava de tristeza.
Saudades das cebolas do Egito é a doença que se abateu sobre Israel para sempre!
Jesus mesmo disse que nos dias Dele as cebolas do Egito se manifestavam pelo humor dos religiosos, os quais, à semelhança de meninos em uma praça, se convidados a cantar, diziam “não”, e se conclamados a brincar de chorar, também diziam “não”.
As saudades das cebolas do Egito se expressam como o limbo de descontentamento e de irrealidade que acomete a muita gente.
Ora, quando a pessoa não anda em contentamento, jamais aprenderá a viver sem fazer transferências de ilusórias felicidades para as cebolas do Egito.
Somente o contentamento em Deus é que pode nos fazer viver sem esquecimento auto-imposto, sem auto-engano, sem transformações arbitrarias de angustias passadas em memórias de alegria, sem maquiagens de mentira na realidade, e, sobretudo, sem o surto de abraçar a sucuri que nos matava, só que agora a chamando de “meu amor”.
É o olhar do contentamento o poder que nos mantém na realidade.
Sim! Pois sem o contentamento que excede ao entendimento [e as sensorialidades], e que decorre da fé, ninguém pode viver cada dia o seu próprio mal; e isto sem a fantasia de que o que um dia se pensou ter, e que se descobriu que era mal, não retorne a nós com poderes de sedução semelhantes aos das cebolas do Egito.
Contentamento, no entanto, é filho da confiança no cuidado do Pai por nós.
É por isto que se diz que o justo viverá pela fé, pois, de fato, tudo volta sempre para o mesmo lugar: confiar ou não confiar.
Quem não anda pela fé, quando o deserto se alonga, e a jornada demora, muitas vezes acaba chamando “urubu de eu louro”.
Ora, quando é assim tem gente que fica com saudade até da morte da qual um dia fugiu.
Você é um desses?
Caio
23 de setembro de 2008
Lago Norte
Brasília
DF
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