O que vê no homem é o que determina o que o homem vê. Pois, o mundo existe na mente antes de existir na Terra. Assim, todos os dias o mundo muda tantas vezes quantas mudem os olhares.
As pessoas não mudam se suas mentes não mudarem. Nada muda sem metanóia.
Às vezes a metanóia é boa, às vezes é má.
É boa quando ela é-trás arrependimento e renovação do entendimento baseado na verdade, não na “realidade” — afinal, a “realidade” é quase totalmente irreal para a maioria dos homens; pois, só Deus sabe o real de modo absoluto — posto que a “realidade” é relativa ao homem, mas a verdade é para além do homem. Por isto, somente a verdade o pode libertar da escravidão do pecado como irrealidade, fantasia, surto; e como um olhar que busca deter a verdade pela injustiça, pelo engano, ou pelo auto-engano.
Ora, a metanóia é má pela mesma razão que a faz ser boa quando boa é; pois, o que vê no homem é que determina o que o homem vê.
Assim, quando o que no homem vê, tudo vê a partir do olhar da neurose animal de poder, e pelo ver através da paranóia de defesa e segurança, o que daí procede é um mundo mau do lado de fora. Mal mesmo quando não é mau.
Para Jesus o mundo era mal como ambiente de relações; e seu sistema era mau por ser fundado na morte e no medo de amar. Por isso, o mundo tinha que ser vencido; e Ele diz: “Eu venci o mundo!”.
Entretanto, no mesmo lugar onde Ele assim declara, Sua palavra anterior foi outra, esmagadoramente realista e verdadeira: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; pois, eu venci o mundo”.
Jesus venceu o mundo?
Como?
Ora, o mundo continuou o mesmo, mas, para quem entendeu a linguagem de Jesus, o mundo nunca mais foi e nem será o mesmo; pois, o que vê no homem é que determina o que o homem vê.
Desse modo o olhar de Jesus vê a aflição inevitável que se experimenta no mundo, incluindo a desses aos quais Ele designa como “vós”.
Além disso, Ele não isenta ninguém, daí esse “vós” de privilegiados não ser excluído do tratamento do real na experiência do mundo; pois, a única realidade do mundo é sua aflição; o resto é fantasia; por vezes até a razão-causa da aflição é fantasia; embora a aflição seja real; posto que o mundo é aflição. Ou pode algo que jaz no maligno não ser aflição?
Entretanto, o olhar de Jesus é ânimo-constante. Ele vê o mundo e abre nele a Sua Porta, a Sua via, o Seu Caminho, e que são únicos e absolutos — e quem Nele crê passa a ver o que Ele vê; e vai crescendo dia a dia numa apropriação de olhar do mundo que carrega o ver-ânimo de Jesus.
Vencer o mundo é vencer a aflição com bom ânimo!
Quem sabe que veio do Pai e volta para o Pai não imagina jamais que esteja sozinho na jornada no mundo!
Assim, veja em você o que você de fato diz que mudou à sua volta, como que justificando a sua própria mudança, e pergunte-se: O que mudou?
Assim, pergunte...
Meu marido mudou mesmo? Ou mudei eu no meu modo de vê-lo?
Minha mulher mudou ou fui eu que passei a buscar uma razão para ter outra pessoa em razão de minha ansiedade por fantasia?
Pergunte acerca de tudo o que você diz que mudou... Veja o que e quem mudou; e, se for o caso, tenha a coragem de admitir que foi apenas o seu olhar que mudou pela fantasia, e que ninguém mais é responsável por isso além de você mesmo.
Também olhe para dentro e veja; veja sem medo; e encare a verdade.
Por exemplo, esse homem-impossível acerca de quem as mulheres me escrevem, existe em algum lugar que não seja a fantasia feita escrava pelo desejo cativo da ilusão como destino de Felicidade e suspensão da realidade?
Ou: Essa mulher-maravilha que os homens buscam e só acham no lugar do proibido e do impossível, existe como realidade do dia a dia de alguém?
Ou ainda: Se ela é a mulher-maravilha, por que o marido dela busca maravilha em outra?
Ou seja: não será apenas por que tudo está no olhar e nas suas metanóias — para o bem e para o mal?
Por que será que a alegria verdadeira não habita, em geral, o coração na primavera da fantasia, e apenas o visita com mais freqüência quando os cabelos já estão brancos como a amendoeira que floresce?
É que o olhar da juventude só vê como bem o que está fora [em geral]; e na velhice já não se tendo nada a recorrer fora, o olhar começa a buscar seu conforto do lado de dentro.
Então, com propriedade diz o ditado inglês que a juventude é desperdiçada no jovem.
Entretanto, a Promessa do Espírito é que jovens sonham e velhos têm visões. Portanto, a promessa é que o olhar do Espírito em nós haveria de mudar o mundo aos nossos olhos, mesmo que o mundo da “realidade” estivesse como disse o profeta Joel, cheio de fogo, fumo e vapor de fumo; com o céu pintado de trevas de dia e de sangue à noite.
Assim, o que vê no homem é que determina o que o homem vê.
Foi só por esta razão que Jesus disse que o olhar é a lâmpada do corpo-ser; e disse que é de nós, de nosso olhar em bom ânimo e fé, de onde nasce e emana o mundo no qual nós vivemos [a vida abundante]; não importando em que outros mundos outros nos chamem para existir.
Pense nisso!
Caio
04/09/07
Manaus
AM
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