Segunda-Feira - 13.07.2011- ESTAÇÃO DO CAMINHO DA GRAÇA - D.CAXIAS - RJ

Segunda-Feira - 13.07.2011- ESTAÇÃO DO CAMINHO DA GRAÇA - D.CAXIAS - RJ
JESUS CRISTO, É O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA.

DIVULGAÇÃO DE ENCONTRO DE ESTAÇÕES NO RIO DE JANEIRO.

EDITOR DESTE BLOG: CARLOS VARGAS ( CEL. 21-9863-1122).

PRÓXIMO ENCONTRO DE COMUNHÃO DA ESTAÇÃO CAMINHO DA GRAÇA EM DUQUE DE CAXIAS ( Ligue para os tels abaixo)

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Graça, paz & todo bem.


Numa Estação do Caminho da Graça você encontrará o que Jesus encontrava pelo caminho — ou seja, GENTE! Gente quase sem problemas. Gente com problemas. Gente com muitos problemas. Gente atolada em problemas. Gente-problema. Gente solucionadora de problemas apesar de serem perseguidos por problemas. Gente se casando. Gente que chegou descasada e se recasou. Gente que vivia traindo e parou de trair. Gente que ainda trai. Gente que se encara. Gente que mente e nunca se encara. Gente que muda. Gente que ouve, ouve, gosta, mas não muda. Gente madura. Gente infantil. Gente que entendeu. Gente que está entendendo... Gente que não entendeu nada ainda. Gente que vai lá e supostamente anda conosco por interesses de todas as ordens... Gente que logo vê que é vista em sua dissimulação. Gente que aceita a verdade. Gente que gosta de tudo até que a verdade as moleste.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

ECLESIASTES



No livro meu livro O Enigma da Graça — os elementos da Teologia Moral de Causa e Efeito expressos pelos “amigos de Jó”, no julgamento que faziam das calamidades do patriarca ferido pela mão de Deus, são tratados por mim de maneira muito mais ligada ao dilema-horizontal da questão. .
No entanto, faz-se necessário vermos como tal maneira de enxergar a Deus e ao próximo é uma falácia, a começar pela observação da própria História. [1]
Ou seja, o universo funciona como universo e é regido pelas Leis físicas de causa e efeito. O problema é que o mesmo princípio não se aplica como uma certeza na vivência humana na História.
No universo físico todas as vezes que jogamos para o alto um objeto mais pesado que a camada de ar, ele volta e cai na Terra. Isto é absoluto. O mesmo, todavia, não se pode dizer da vida dos homens e nem de nenhuma forma de constância nas produções da História, tanto individual quanto coletiva . E essa é a razão pela qual muita gente tem dificuldade de viver crendo em Deus, pois, na prática, a experiência humana, nem sempre acontece premiando os bons, com bondade; e os perversos, com o juízo! Na Terra, é claro!
Manter a fé quando se chega a esta verdade-fato-da-vida significa dar o grande salto, fazer a grande entrega, que é quando o momento-moriá da alma humana acontece e é também quando serve-se a Deus por Deus, ou por nada!
É a impossibilidade de conciliar a idéia da existência de um ser que seja ao mesmo tempo Todo-Poderoso e Todo-Bom, o que aniquila a fé daqueles que pensam mais filosoficamente sobre a vida. Pois, de fato, pode-se crer que há Leis exatas regendo o universo físico (o que nos inspira a crer em Deus), mas a desordem e as injustiças praticadas contra, sobre ou em favor dos humanos, parecem não combinar com a existência de um Deus que seja soberano sobre as coisas visíveis e invisíveis, e que exerça Seu Todo-Poder com Toda-Bondade aqui neste planeta e durante o prazo da existência terrena de todos os humanos!

A grande questão, todavia, é a seguinte: até que ponto podemos incluir o ser humano nas fronteiras desse universo de Leis exatas?

Ora, nós, os humanos, somos filhos de dois mundos: vivemos no tempo e no espaço; no universo das Leis fixas, e, ao mesmo tempo, somos filhos da liberdade — liberdade de ser; de tentar deixar de ser; de ser contra ou a favor de nós ou de outros; de ser sem admitir que se é; de não ser para poder justificar o ser sem sentido; e, sobretudo, ser contra Deus; ou ser contra a idéia de um Deus que cria um mundo fixo (o universo e suas Leis fixas) e, um outro, feito de animais e humanos, onde a liberdade, a individualidade e a luta pela existência são regras do existir.
Para tais pessoas, o único mundo possível em harmonia é justamente aquele no qual elas dizem não acreditar que tenha existido: o Jardim do Éden — onde natureza e homens existiam em plena harmonia—, antes do tempo em aquele que era um mundo só, fosse partido em muitos pedaços, especialmente nos ambientes de nossos complexos corações.
Ora, para que o absurdo mundo atual faça algum sentido, tem que ter havido aquilo que a Bíblia chama de a Queda! Do contrário, não é possível conciliar a ordem universal com o caos da História humana, e, muito menos ainda, com um Deus que seja Todo-Poder e Toda-Bondade!
A tese de Jó era esta. Ele não entendia o que lhe estava acontecendo, mas negava-se a aceitar o pressuposto de causa e efeito a partir do qual seus amigos o julgavam. [2]
Nesse capítulo, é acerca dessa questão que desejo tratar antes de olharmos a falácia dessa forma de pensar também na perspectiva “teológica”, incluindo a da maioria dos cristãos, que pensam como os “amigos de Jó.”
Portanto, antes de falarmos sobre a “teologia” desse pensamento, quero que você saiba que essa tese não resiste a um confronto nem mesmo com as verdades da História, conforme ela se deixa “ver”.
E, neste sentido, a melhor resposta histórica que os aderentes da Teologia Moral de Causa e Efeito poderiam receber vem de um dos livros menos lidos, cridos e meditados da Bíblia: o livro de Eclesiastes de Salomão. [3]
A razão porque ele é tão pouco lido nada tem a ver com sua profundidade ou complexidade, pois, como em toda genuína sabedoria, o que é verdadeiro se faz entender com simplicidade. Portanto, não são as dificuldades de compreensão que impedem a Leitura, a aceitação e a vivência proposta por Deus em Sua Palavra no livro atribuído a Salomão.
O que dificulta é justamente o poder esmagador de sua simplicidade baseada na observação da História, tal qual ela se mostra aos olhos, sentidos e percepções humanos. E entre essas observações, aparece de modo esmagador o desmantelamento de todas as fabricações de causa e efeito criadas pelos amigos de Jó.
No Eclesiastes, a vida é como ela é: sem tentativa de abençoar a inegabilidade da Queda dos Humanos no Planeta Terra.
A outra razão da não apreciação do Eclesiastes é que ele não fala abertamente da eternidade — no máximo diz que o espírito volta a Deus, que o deu —, não fala nem do céu e nem do inferno; e seca a vida aqui, na arena das competições, dos julgamentos, dos esforços inúteis, das jactâncias idiotas, dos sucessos imerecidos, dos insucessos injustos, dos poderosos insensatos, dos sábios desprezados, dos ricos sem apetite, dos ricos estéreis, dos justos esquecidos, dos esnobes afamados, dos governadores cercados de puxa-sacos incompetentes, dos bens materiais que não promovem nem paz nem sono, das vitórias logo esquecidas, das alegrias alienantes, das tristezas que melhoram a alma, dos afazeres que nada mais são que vaidade e correr atrás do vento.
Por essa razão o livro de Eclesiastes é insuportável, ele é histórico demais e realista demais. Nele não há milagres. Seu grande milagre é o discernimento de como a vida é, sem os auto-enganos aos quais nos entregamos a fim de diminuir a nossa dor acerca dos esmagadores fatos da existência humana na Terra.
O que passo a fazer agora é uma Leitura do Eclesiastes junto com você. E por quê? Porque creio que o Eclesiastes não está na Bíblia por acaso. O que penso é que a sua compreensão é um dos mais poderosos antídotos contra a Teologia Moral de Causa e Efeito dos amigos de Jó. [4]
E mais que isto: penso que o texto de Eclesiastes é uma versão filosófica em favor de Jó e de suas percepções, sendo que o observador não é um “sofredor”, é, provavelmente, um rei existencialista e que, pela sabedoria, decidiu, ele mesmo, abrir todos os “pacotes de existências” que lhe estavam disponíveis. [5]
Ora, mesmo sabendo que a maioria das pessoas não gosta de ler os textos da Bíblia quando estão transcritos num livro, sempre erroneamente assumindo que o leram em algum dia, e, portanto, julgam que “pulando a Leitura” estão ganhando tempo, eu peço que você não faça isto. Leia o texto e compare com as notas de rodapé. E a razão é simples: em Eclesiastes, aprendemos que a Teologia Moral de Causa e Efeito é filha da insensatez daqueles que não percebem que os princípios de causalidade física do Universo não são aplicáveis aos relacionamentos humanos.
Se assim fosse, o Cosmo seria um Caos. O Cosmo, todavia, tem Ordem — pelo menos, ordem suficiente a fim de poder ser parcialmente pre-visto. A História humana é que é sua antítese. Os humanos são o caos do Cosmo e suas produções, na maioria das vezes, aguardam um julgamento longínquo e que, quase sempre, acontece depois da morte dos perversos. [6]
Uma das marcas mais fortes do ser iníquo e perverso é sua adaptabilidade e sua capacidade de driblar as calamidades. No Livro de Eclesiastes, essa tese é irrebatível. Salomão, em sua sabedoria, como que nos diz: Jó está certo. Debaixo do sol tudo é vaidade e não há sentido nas coisas. Nossa salvação está em temer a Deus e viver o melhor que nos venha, e, se possível, suportar o que não gostamos sem pensarmos que trata-se de um juízo especial, afinal, neste mundo caído quem vive para se perceber, mesmo como vaidade, já está no lucro. Isto porque, debaixo do sol, as injustiças têm seu lugar de primazia e ainda assim justiça acontece conforme a Sabedoria de Deus, mas não é uma Lei que tenha auto-aplicabilidade automática. [7]
Senão, veja:

“Vi ainda todas as opressões que se fazem debaixo do sol: vi as lágrimas dos que foram oprimidos, sem que ninguém os consolasse; vi a violência na mão dos opressores, sem que ninguém consolasse os oprimidos. ·
Pelo que tenho por mais felizes os que já morreram, mais do que os que ainda vivem; porém mais que uns e outros tenho por feliz aquele que ainda não nasceu e não viu as más obras que se fazem debaixo do sol.[8]

Então, vi que todo trabalho e toda destreza em obras provêm da inveja do homem contra o seu próximo. Também isto é vaidade e correr atrás do vento.[9]
Então, considerei outra vaidade debaixo do sol, isto é, um homem sem ninguém, não tem filho nem irmã; contudo, não cessa de trabalhar, e seus olhos não se fartam de riquezas; e não diz: Para quem trabalho eu, se nego à minha alma os bens da vida? Também isto é vaidade e enfadonho trabalho”.[10]

Então ele passa a falar daqueles que pensam que são, sem reconhecerem que maior do que eles é o trono onde se assentam e a posição circunstancial que ocupam:
“Vi todos os viventes que andam debaixo do sol com o jovem sucessor, que ficará em lugar do rei. Era sem conta todo o povo que ele dominava; tampouco os que virão depois se hão de regozijar nele. Na verdade, que também isto é vaidade e correr atrás do vento.[11]

Neste ponto a sabedoria se dirige contra aqueles que pensam que, pelo seu muito falar, serão ouvidos diante de Deus e que pensam que a sua religiosidade tem algum valor nas regiões celestes:

“Guarda o pé, quando entrares na Casa de Deus; chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal.·
Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu, na terra; portanto, sejam poucas as tuas palavras.[12]
Porque dos muitos trabalhos vêm os sonhos, e do muito falar, palavras néscias. Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes. Melhor é que não votes do que votes e não cumpras. Não consintas que a tua boca te faça culpado, nem digas diante do mensageiro de Deus que foi inadvertência; por que razão se iraria Deus por causa da tua palavra, a ponto de destruir as obras das tuas mãos? Porque, como na multidão dos sonhos há vaidade, assim também, nas muitas palavras; tu, porém, teme a Deus”. [13]

Outra vez Salomão introduz o tema das injustiças praticadas sem causa na Terra:

“Se vires em alguma província opressão de pobres e o roubo em lugar do direito e da justiça, não te maravilhes de semelhante caso; porque o que está alto tem acima de si outro mais alto que o explora, e sobre estes há ainda outros mais elevados que também exploram”.[14]

Agora ele arremete contra a impossibilidade de que haja saciedade no coração humano sem que isto seja fruto da Graça e dom de Deus:

“Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade. Onde os bens se multiplicam, também se multiplicam os que deles comem; que mais proveito, pois, têm os seus donos do que os verem com seus olhos? Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco, quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir. [15]
Grave mal vi debaixo do sol: as riquezas que seus donos guardam para o próprio dano. E, se tais riquezas se perdem por qualquer má aventura, ao filho que gerou nada lhe fica na mão. Como saiu do ventre de sua mãe, assim nu voltará, indo-se como veio; e do seu trabalho nada poderá levar consigo. Também isto é grave mal: precisamente como veio, assim ele vai; e que proveito lhe vem de haver trabalhado para o vento? Nas trevas, comeu em todos os seus dias, com muito enfado, com enfermidades e indignação.[16]
Eis o que eu vi: boa e bela coisa é comer e beber e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, com que se afadigou debaixo do sol, durante os poucos dias da vida que Deus lhe deu; porque esta é a sua porção.[17]
Quanto ao homem a quem Deus conferiu riquezas e bens e lhe deu poder para deles comer, e receber a sua porção, e gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus. Porque não se lembrará muito dos dias da sua vida, porquanto Deus lhe enche o coração de alegria.[18]
Há um mal que vi debaixo do sol e que pesa sobre os homens: o homem a quem Deus conferiu riquezas, bens e honra, e nada lhe falta de tudo quanto a sua alma deseja, mas Deus não lhe concede que disso coma; antes, o estranho o come; também isto é vaidade e grave aflição.[19]
Se alguém gerar cem filhos e viver muitos anos, até avançada idade, e se a sua alma não se fartar do bem, e além disso não tiver sepultura, digo que um aborto é mais feliz do que ele; pois debalde vem o aborto e em trevas se vai, e de trevas se cobre o seu nome; não viu o sol, nada conhece. Todavia, tem mais descanso do que o outro, ainda que aquele vivesse duas vezes mil anos, mas não gozasse o bem. Porventura, não vão todos para o mesmo lugar?[20]

Então surge o tema da animalidade humana e das causalidades injustas; ou seja, Salomão fala do Darwinismo presente na bestialidade humana, expresso, sobretudo, pelas desigualdades e pela banalidade com a que a existência é vivida:

“Todo trabalho do homem é para a sua boca; e, contudo, nunca se satisfaz o seu apetite![21]
Pois que vantagem tem o sábio sobre o tolo? Ou o pobre que sabe andar perante os vivos? Melhor é a vista dos olhos do que o andar ocioso da cobiça; também isto é vaidade e correr atrás do vento.[22]
A tudo quanto há de vir já se lhe deu o nome, e sabe-se o que é o homem, e que não pode contender com quem é mais forte do que ele”.[23]

Salomão agora, depois de experimentar de tudo um pouco, chega à conclusão que ninguém pode determinar o que é bom ou mal para um homem. Isto cada um terá que aprender com Deus e com a vida, pois, Deus não deu a ninguém tal receita de felicidade:

“É certo que há muitas coisas que só aumentam a vaidade, mas que aproveita isto ao homem? Pois quem sabe o que é bom para o homem durante os poucos dias da sua vida de vaidade, os quais gasta como sombra? Quem pode declarar ao homem o que será depois dele debaixo do sol? [24]

Subitamente a reflexão se dirige à casa de Jó. Ele é, sem dúvida, um dos melhores exemplos do que abaixo se descreve:

“Melhor é a boa fama do que o ungüento precioso, e o dia da morte, melhor do que o dia do nascimento. Melhor é ir a casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, pois naquela se vê o fim de todos os homens; e os vivos que o tomem em consideração. Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração. O coração dos sábios está na casa do luto, mas o dos insensatos, na casa da alegria. Melhor é ouvir a repreensão do sábio do que ouvir a canção do insensato. Pois, qual o crepitar dos espinhos debaixo de uma panela, tal é a risada do insensato; também isto é vaidade.[25]
Verdadeiramente, a opressão faz endoidecer até o sábio, e o suborno corrompe o coração.[26]
Atenta para as obras de Deus, pois quem poderá endireitar o que ele torceu? [27]
No dia da prosperidade, goza do bem; mas, no dia da adversidade, considera em que Deus fez tanto este como aquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.[28]
Tudo isto vi nos dias da minha vaidade: há justo que perece na sua justiça, e há perverso que prolonga os seus dias na sua perversidade.”[29]

Então, diz Salomão, já que a vida é assim, o que se deve buscar é o melhor dela em cada circunstância, evitando os exageros, pois, nos exageros, reside o mal:

“Não sejas demasiadamente justo, nem exageradamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo? Não sejas demasiadamente perverso, nem sejas louco; por que morrerias fora do teu tempo? Bom é que retenhas isto e também daquilo não retires a mão; pois quem teme a Deus de tudo isto sai ileso.[30]
Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque.[31]
Não apliques o coração a todas as palavras que se dizem, para que não venhas a ouvir o teu servo a amaldiçoar-te, pois tu sabes que muitas vezes tu mesmo tens amaldiçoado a outros”.[32]

Ora, as conclusões às quais somos induzidos pela sabedoria-histórica de Salomão não nos agradam. Gostaríamos muito de obter receitas e de podermos sair de sua presença com certezas que nos facultassem o poder do juízo. Mas é justamente o contrário: a única certeza que se pode obter na historia é sobre sua injustiça e seu caos, aos nossos olhos; e, do ponto de vista da Soberania de Deus, sua total liberdade para fazer o homem caminhar sobre o chão do Mistério e da indisponibilidade de certezas.
O que passar disto é mágica e é teologia dos amigos de Jó. Todavia, aquilo que para uns é apavorante, para outros é redentor; pois se uns se agitam em desespero ante a impossibilidade de viverem cheios de certeza; outros, se alegram pela possibilidade de saírem sem saber para onde vão, crendo, ao contrário, que o “justo vive pela fé”.

“Tudo isto experimentei pela sabedoria; e disse: tornar-me-ei sábio, mas a sabedoria estava longe de mim. O que está longe e mui profundo, quem o achará? Apliquei-me a conhecer, e a investigar, e a buscar a sabedoria e meu juízo de tudo, e a conhecer que a perversidade é insensatez e a insensatez, loucura. [33]
Eis o que achei, diz o Pregador, conferindo uma coisa com outra, para a respeito delas formar o meu juízo, juízo que ainda procuro e não o achei: eis o que tão-somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias[34].
Quem guarda o mandamento não experimenta nenhum mal[35]; e o coração do sábio conhece o tempo e o modo. Porque para todo propósito há tempo e modo; porquanto é grande o mal que pesa sobre o homem. Porque este não sabe o que há de suceder; e, como há de ser, ninguém há que lho declare.
Não há nenhum homem que tenha domínio sobre o vento para o reter; nem tampouco tem ele poder sobre o dia da morte; nem há tréguas nesta peleja; nem tampouco a perversidade livrará aquele que a ela se entrega”.[36]

Desse ponto em diante Salomão introduz o mais importante de todos os conceitos contrários a uma Teologia Moral de Causa e Efeito, o tema do juízo. Ou seja, ele diz que o juízo de Deus nem sempre começa na Terra. Na maioria das vezes, não é aqui que ele inicia. Portanto, muitos interpretam o silêncio divino como aprovação, e, neste aspecto, as armadilhas de auto-engano são inúmeras:

“Tudo isto vi quando me apliquei a toda obra que se faz debaixo do sol; há tempo em que um homem tem domínio sobre outro homem, para arruiná-lo.[37]
Assim também vi os perversos receberem sepultura e entrarem no repouso, ao passo que os que freqüentavam o lugar santo foram esquecidos na cidade onde fizeram o bem; também isto é vaidade. [38]
Visto como se não executa logo a sentença sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto a praticar o mal.[39] Ainda que o pecador faça o mal cem vezes, e os dias se lhe prolonguem, eu sei com certeza que bem sucede aos que temem a Deus. Mas o perverso não irá bem, nem prolongará os seus dias; será como a sombra, visto que não teme diante de Deus.[40]
Ainda há outra vaidade sobre a terra: justos a quem sucede segundo as obras dos perversos, e perversos a quem sucede segundo as obras dos justos. Digo que também isto é vaidade. Então, exaltei eu a alegria, porquanto para o homem nenhuma coisa há melhor debaixo do sol do que comer, beber e alegrar-se; pois isso o acompanhará no seu trabalho nos dias da vida que Deus lhe dá debaixo do sol.[41]
Aplicando-me a conhecer a sabedoria e a ver o trabalho que há sobre a terra - pois nem de dia nem de noite vê o homem sono nos seus olhos -, então, contemplei toda a obra de Deus e vi que o homem não pode compreender a obra que se faz debaixo do sol; por mais que trabalhe o homem para a descobrir, não a entenderá; e, ainda que diga o sábio que a virá a conhecer, nem por isso a poderá achar.[42]
Deveras me apliquei a todas estas coisas para claramente entender tudo isto: que os justos, e os sábios, e os seus feitos estão nas mãos de Deus; e, se é amor ou se é ódio que está à sua espera, não o sabe o homem. Tudo lhe está oculto no futuro.
Tudo sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao perverso; ao bom, ao puro e ao impuro; tanto ao que sacrifica como ao que não sacrifica; ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.
Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol: a todos sucede o mesmo; também o coração dos homens está cheio de maldade, nele há desvarios enquanto vivem; depois, rumo aos mortos. Para aquele que está entre os vivos há esperança; porque mais vale um cão vivo do que um leão morto.[43]

Agora, Salomão diz o que fazer num mundo caído, injusto e levado ao caos pela inveja, pela astúcia e pela maldade dos corações humanos:

“Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe gostosamente o teu vinho, pois Deus já de antemão se agrada das tuas obras.[44] Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e jamais falte o óleo sobre a tua cabeça. Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de tua vida fugaz, os quais Deus te deu debaixo do sol; porque esta é a tua porção nesta vida pelo trabalho com que te afadigaste debaixo do sol. Tudo quanto te vier à mão para fazer, fazei-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma”.[45]

Assim, ele retoma o tema das não causalidades imediatas afirmando que nem a inteligência, a competência e as habilidades naturais garantem o sucesso de ninguém nesta vida; e, assim entendendo, ele diz:

“Vi ainda debaixo do sol que não é dos ligeiros o prêmio, nem dos valentes, a vitória, nem tampouco dos sábios, o pão, nem ainda dos prudentes, a riqueza, nem dos inteligentes, o favor; porém tudo depende do tempo e do acaso. Pois o homem não sabe a sua hora. Como os peixes que se apanham com a rede traiçoeira e como os passarinhos que se prendem com o laço, assim se enredam também os filhos dos homens no tempo da calamidade, quando cai de repente sobre eles.”[46]

A seguir Salomão mostra outra não causalidade, que é quando a benção trazida por alguém não se transforma em gratidão no coração dos agraciados:

“Também vi este exemplo de sabedoria debaixo do sol, que foi para mim grande:
Houve uma pequena cidade em que havia poucos homens; veio contra ela um grande rei, sitiou-a e levantou contra ela grandes baluartes. Encontrou-se nela um homem pobre, porém sábio, que a livrou pela sua sabedoria; contudo, ninguém se lembrou mais daquele pobre.
Então, disse eu: melhor é a sabedoria do que a força, ainda que a sabedoria do pobre é desprezada, e as suas palavras não são ouvidas. As palavras dos sábios, ouvidas em silêncio, valem mais do que os gritos de quem governa entre tolos. Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra, mas um só pecador destrói muitas coisas boas”.

Daqui para frente ele mostra como as relações de causa e efeito neste mundo de tramas políticas e de interesses muitas vezes escusos, não têm nada a ver com bondade, justiça e verdade, mas com capricho, vaidade, esperteza e, sobretudo, com a burrice dos que lideram, os quais, pela sua própria fome de poder, alimentam-se da mediocridade dos que os servem:
“Levantando-se contra ti a indignação do governador, não deixes o teu lugar, porque o ânimo sereno acalma grandes ofensores.
Ainda há um mal que vi debaixo do sol, erro que procede do governador: o tolo posto em grandes alturas, mas os ricos assentados em lugar baixo. Vi servos a cavalo e príncipes andando a pé como servos sobre a terra.”[47]

O que vem a seguir tem a ver apenas com o mundo das forças naturais, com as naturezas animais e com estatísticas e probabilidades, pois, assim como brincar com fogo traz o risco do incêndio, assim também, dar poder ao imaturo pode gerar calamidades:
“Quem abre uma cova nela cairá, e quem rompe um muro, mordê-lo-á uma cobra. Quem arranca pedras será maltratado por elas, e o que racha lenha expõe-se ao perigo. Se o ferro está embotado, e não se lhe afia o corte, é preciso redobrar a força; mas a sabedoria resolve com bom êxito. Se a cobra morder antes de estar encantada, não há vantagem no encantador.[48]
Ai de ti, ó terra cujo rei é criança e cujos príncipes se banqueteiam já de manhã. Ditosa, tu, ó terra cujo rei é filho de nobres e cujos príncipes se sentam à mesa a seu tempo para refazerem as forças e não para bebedice.[49]

Assim é que não precisamos buscar fora da Bíblia a sabedoria histórica que desmantele a presunção dos amigos de Jó e de suas falsas Teologias. Quem resistir à esmagadora demonstração deste fato após a Leitura desta sabedoria-vista-e-revelada, não pode mais dizer que ainda crê na Graça. E por quê? Ora, porque se o que vale é o que existe neste mundo de naturezas animais, então, que se viva conforme os bichos da floresta. Todavia, não se terá, daí para frente, mais nenhuma outra esperança nesta vida que não seja conquistada pelo nosso próprio esforço, poder e arrogância.
Aquilo, que hoje a maioria dos cristãos chama de sua “teologia” ou de sua “fé”, não é nada além da mesma consciência que possuía os amigos de Jó.
A decisão que você tem que tomar é simples: ou você vive da Graça como Jó e se torna filho da Cruz de Jesus; ou você integra a membresia da numerosíssima multidão de cristãos que confessam a Graça com os lábios, mas continuam a viver oprimidos pelos amigos de Jó ou, então, integram o seu clube, e passam, presunçosamente, a existir como os juízes da vida.[50]
Eu, toda-via, não tenho nenhuma barganha a oferecer!





[1] Devo reconhecer que este TEXTO pode ser chato, cansativo e que ele quebra um pouco o fluxo do pensar abstrato. Mas não capitularei e insistirei em mantê-lo aqui, pois, aqui é o seu lugar. Portanto, paz-ciência! Leia-o com carinho e você verá como, apesar de se diferenciar do fluxo do todo do livro, a percepção que este capítulo nos traz é fundamental. Não capitule. Leia!
[2] A certeza da soberania de Deus experimentada como dor e como acusação, simultaneamente, pode fazer com que surja no coração uma consciência amargurada do poder de Deus.

[3] E aqui poupo você das estéreis e infindáveis discussões sobre a “autoria” do livro e dos demais tecnicismos que nunca vi terem sido úteis para alentar ou consolar qualquer coração nesta Terra de agonias.
[4] A melhor “Resposta a Jó” não vem de C. Jung— que escreveu um livro com essa pretensão—, mas de Salomão. E a razão é que, no Eclesiastes, Salomão afirma a “consciência de Jó” sobre a existência e relativiza todas as “certezas” de causa e efeito dos “amigos de Jó”. Em O Enigma da Graça esse assunto é aprofundado.
[5] Eclesiastes 2: 1-11
[6] Hoje esta afirmação não necessita de amparo apologético. Basta assistir à quantidade enorme de documentários sobre a relação predatória que a Civilização Humana vem mantendo com o todo da criação no Planeta, que ver-se-á a direção auto-destrutiva na qual a humanidade caminha, movida cegamente pelo deus deste século, chamado de O Imediato!
[7] Como já disse antes, a Leitura de O Enigma da Graça é essencial para sua melhor compreensão deste texto, visto que, é no comentário de Jó onde essa tese abunda de modo inequívoco.
[8] Salomão diz: “Quem vive na Terra deve saber que aqui a felicidade não é o resultado natural de existir. Quem tem essa expectativa, melhor lhe seria não ter jamais existido”.
[9] Então desmistifica as motivações do sucesso e da destreza e diz que ambos são fruto da inveja.
[10] Na Terra há os que ajuntam o que não podem levar e guardam aquilo do que não usufruem. Onde está o princípio da causalidade? Por que tais bens caem em tais mãos?
[11] Esses sucessos nada têm a ver com a pessoa, mas com os benefícios que ela pode trazer. Quando estão “por cima”, multidões de aduladores; quando lhes “passa o tempo”, não há mais memória deles. Eles eram “filhos” de um trono, mas não carregavam o trono em seus seres!
[12] Pois que explicação teria alguém para dar a Deus?
[13] A causalidade que a Bíblia admite é aquela que um dia virá, diante de Deus e não dos homens, quando os segredos dos corações serão revelados. Fica, todavia, a advertência no sentido de que não se crie um critério de juízo contra ninguém, pois, ao final, ele será usado contra nós.
[14] Poucas coisas são tão esmagadoramente realistas quanto esta declaração, e, por ela, faz-se calar toda presunção de juízo dos “amigos de Jó”.
[15] Quem possui não tem paz para usufruir; e quem não possui goza da paz de quem, tendo bens, não descansa, todavia, em seu coração.
[16] Aqui Salomão mostra o pecado dos amigos de Jó. Pois não é preciso saber que alguém foi vitimado pelo Diabo para se entender que a vida “é assim mesmo”.
[17] Ou seja: o que traz felicidade na vida é viver!
[18] Poder realizar e usufruir é pura Graça, é dom de Deus e não vem naturalmente no pacote dos sucessos.
[19] Aqui acontece o oposto. Tem-se a riqueza como dom, mas não se tem o prazer de seu uso-fruto!
[20] Aqui Salomão ridiculariza a existência longeva, mas que nunca viveu. É o ser que se “protegeu” tanto que acabou se “protegendo” da própria vida.
[21] Com essa frase ele afirma a basicalidade de todos os esforços humanos e sua incapacidade de alguém se satisfazer de si-para-si-mesmo.
[22] Para Salomão melhor do que ter um cobiçoso projeto na vida era ter uma sábia visão da vida.
[23] Neste ponto, a animalidade dos humanos é afirmada. É a sobrevivência dos mais aptos e fortes.
[24] Isto deveria nos fazer silenciar constantemente nas nossas tentativas de saber o que é bom para o outro.
[25] Ele começa com a boa fama e prossegue para dizer o seguinte: Num mundo caído e caótico como o nosso, é das nossas maiores dores que nasce o melhor de nós. O sábio, portanto, não teme a dor. Ele sabe que a alegria não é reflexiva. Portanto, ele não tem que procurar a dor e não pode fugir dela. Se os amigos de Jó soubessem disso teriam visitado a casa do luto a fim de aprenderem a sabedoria, e não com a pretensão de ensinar o ser dolorido.
[26] Aqui, mais do que em qualquer outro lugar vemos o nível de desespero ao qual os “amigos de Jó” o levaram. A loucura de Jó, sua permissão para ofender, começou quando a opressão dos amigos lhe roubou a sensatez.
[27] Ou seja: Curva-te ante a soberania de Deus!
[28] Se os “amigos de Jó” não o tivessem visitado, era aqui nesse lugar-existencial que ele ficaria, pois, as palavras de Salomão ecoam a atitude de Jó ante sua própria calamidade.
[29] Esta é a síntese da defesa de Jó perante os seus amigos.
[30] Salomão diz: Já que a vida não é justa, então, procura o equilíbrio!
[31] Aqui terminam todas as auto-santificações e auto-justificações. Este é o equivalente de Romanos 3:23 no livro do Eclesiastes.
[32] Significando que não há quem não peque com a língua e seus julgamentos.
[33] Ou seja: o melhor e o máximo que uma investigação humana dos fatos da vida pode nos levar é à certeza da inescrutabilidade da própria vida. A sabedoria esbarra no Mistério!
[34] Aparece aqui uma das mais importantes declarações sobre a história dos humanos e seu caos interior e comunitário: o homem que vive na Terra não é mais o homem criado perfeito. Ele é filho das “astúcias”; e sua sabedoria acaba se tornando o seu próprio laço. Encerra-se aqui a possibilidade de que o homem agrade a Deus de si e por si mesmo. A humanidade é caída.
[35] O conceito de “mal” na Bíblia é, muitas vezes, completamente diferente do nosso. Prova disto é Isaías 57:1-2b, onde se diz que o justo pode morrer antes que venha o mal, e, assim, “entrar na paz”. Ora, do ponto de vista da Palavra de Deus, a morte não é um mal para quem vive sob a Graça da justiça de Deus. O “mal” pode ser a forma de existir, não a morte.
[36] Os fatos da vida estão para além de nós. O mandamento nos livra do mal, principalmente de praticá-lo contra o próximo, mas não dá poder sobre os ventos, as calamidades ou sobre a morte.
[37] E quem não vê isto todos os dias? Há homens com poder de arruinar a existência de seu próximo, e, indiscriminadamente, o fazem.
[38] Em nome de quem estão as avenidas e ruas das cidades? Quem são aqueles que em geral recebem as “honras” da história?
[39] Aqui se nega completamente a Teologia Moral de Causa e Efeito. O juízo divino tarda na história. E, muitas vezes, não alcança o perverso neste lado da vida, mas, apenas, na eternidade. Daí os perversos sentirem-se seguros para oprimir o próximo. E mais que isto, a Teologia Moral de Causa e Efeito é o que estimula o perverso no seu caminho, pois, como o “mal” nem sempre o alcança—perturbando, eventualmente um ou outro—, a maioria se julga boa, visto que se auto-engana crendo – os perversos - que se fossem maus, o mal os alcançaria. E, assim, as consciências se anestesiam. A Teologia Moral de Causa e Efeito é um dos mais poderosos anestesiadores de almas e cauterizadores de consciências!
[40] Esse “Ainda que…” é fundamental. Ou seja: Salomão nos estimula a temer a Deus não em razão de nenhuma causalidade imediata na Terra, mas porque, ao final, "bem sucede” aos que o temem. Isto porque o bem nem sempre corresponde ao sucesso, e o mal nem sempre ao insucesso imediato. Mas quem não deseja o “mal”, que viva no Temor do Senhor, pois, ele nos livra do “mal”, mesmo que muitas vezes nos permita passar por ele. O “mal” não é o que se experimenta, é o que fica ou surge em nós, muitas vezes, independentemente de ter ou não havido experiência externa dele.
[41] Já que a injustiça está instituída na Terra, então, a receita é: viva o que melhor realizar o bem de Deus em sua vida e não transfira essa responsabilidade para ninguém.
[42] Outra vez a sabedoria esbarra num mistério maior: o coração humano e, sobretudo, os desígnios de Deus.
[43] Que resposta melhor se poderia dar aos “amigos de Jó”?
[44] Aqui, Salomão enuncia um princípio que só faz bem aos puros de coração, aqueles que não têm medo nem de Deus e nem da vida; afinal, todas as coisas são puras e boas para os puros.
[45] Não há nenhuma alegoria nesta passagem. O Eclesiastes não é um livro de “alegorias”. O que aqui se diz é simples: neste mundo caído, aprenda a tirar prazer da própria vida e daquilo que é essencial nela, que é: comer e beber gostosamente, vestir e cheirar bem, gozar a vida com a mulher que se ama e em quem se tem prazer; e, além disso, faça de sua profissão ou trabalho um prazer; pois, não há na Terra nada para além dessas alegrias no horizonte cotidiano. É nessa simplicidade que se pode encontrar alegria e, de acordo com Jesus, também aquilo que num mundo material caído é de importância até mesmo escatológica. Isto porque se essas pequenas coisas são as que dão prazer na vida, são elas também parte do critério final com o qual todos, um dia, serão julgados (Mt 25: 31-46).
[46] As alusões de Salomão ao “acaso”, muitas vezes são interpretadas como uma visão materialista da vida. Eu vejo o contrário. O que ele diz é que já que ninguém conhece os desígnios de Deus, melhor do que tentar entender e julgar o próximo, é pensar no “acaso”. Se os amigos de Jó tivessem tido essa “condescendência” para com ele—mesmo que falando em acaso—estariam muito bem posicionados. Nesse sentido a certeza do “acaso” é a única saída para quem não sabe o que “está por trás” das coisas. Ora, o “a-caso” é aquilo que acontece “sem causa”. Portanto, em um mundo caído, é aquilo que acontece sem explicação e, por essa razão, sem a possibilidade do “juízo”.
[47] Quem nunca viu os “caprichos políticos” fazerem grandes inversões de papéis na história?
[48] Toda essa seqüência de eventos e situações conclui com o elemento da “probabilidade”. Ou seja: “Quem brinca com fogo pode se queimar”. E, assim, cada um deve entender os riscos de suas próprias escolhas e as conseqüências possíveis de seus atos, e viver com as conseqüências históricas de sua eventual periculosidade, sem enviar a conta para a Corte Celestial ou para as forças do Abismo.
[49] Os exemplos são de linearidade lógica; ou seja: de governantes indolentes e embriagados não se deve nunca esperar prosperidade e diligência, e, deve-se saber que os resultados são sempre desastrosos.
[50] Como você já deve ter percebido muitos dos temas deste livro aparecem sintetizados pelo fato de terem sido muito abordados em O Enigma da Graça.



Caio

2002 - Copacabana

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