A tensão insuportável que experimentam os crentes é aquela que deriva da seguinte questão:
Existe segurança eterna ou tudo é conforme se esteja na hora do chamado do juízo de Deus para o homem?
Ora, a leitura bíblica nos põe diante do fato que existe segurança ao mesmo tempo em que não existe.
Essa tensão é insuportável para quem vive de sistemas de doutrinas e de supostas compreensões humanas acerca da realidade criada por Deus como existência por nós percebida, e, por isto, objeto de estudo e de alegadas compreensões e dogmas.
A Bíblia, porém, “não está nem aí” para tal tensão, e a repete sem pudores.
Assim, o homem está seguro e, ao mesmo tempo, é perturbado por um constante “se”.
Ora, o homem está ou não seguro?
Creio que depende de duas coisas [rsrsrs]:
1. Depende de o homem andar com Deus conforme Deus, então, estará seguro eternamente.
2. Depende de o homem andar na paz e no amor, no caso de suas decisões, ou de estar fora de conflitos ou acidentes, no caso daquilo que lhe imprevisível, do contrário, no tempo e no espaço, sofrerá as conseqüências, ainda que na eternidade esteja seguro, se permanecer no que sabe que é permanente.
Ou seja:
No tempo e no espaço só existe segurança eterna [paradoxo], mas não segurança temporal de qualquer que seja a natureza.
Afinal, segurança é algo imutável, e, portanto, de natureza eterna. Por tal razão, no tempo e no espaço somente existe segurança eterna, posto que tudo aquilo que não é eterno, é inseguro por sua própria natureza.
Por isto a Escritura sustenta essa necessária tensão entre Desígnio Divino e liberdade humana, pois, não há como ser diferente no tempo e no espaço.
ASSIM...
... ainda que tendo eterna segurança, para a minha própria segurança, sofro as inseguranças do tempo e do espaço, a fim de ter as seguranças que somente pertencem à eternidade, as quais somente decorrem da fé, e, a fé, somente nasce da total incerteza.
Afinal, sem tal tensão não se estabelece a síntese de minha transformação.
Por esta razão é que Pedro estava seguro em Jesus, posto que Jesus tivesse dito que por ele rogara, para que a sua fé não desfalecesse, embora, na história, Pedro tenha vivido todas as conseqüências da fraqueza e da insegurança que resulta da liberdade até para, pelo pânico, negar a Deus na vida, ainda que se ande eternamente apaixonado por Deus, como era o caso de Pedro; e ainda que, como ele, se saiba que o amor de Deus por nós não tem limites.
Ora, esta é minha grande segurança:
Que a segurança de Deus se estabelece na insegurança humana.
Por isto, também, sem fé é impossível agradar a Deus.
Ora, a fé existe sem angustia em tal tensão, posto que não se fundamente em lógicas, mas tão somente na confiança do eterno valor da revelação, a qual nos diz que estamos seguros, mas que andemos vigilantemente, pois, aquele que está em pé, veja que não caia.
Simples assim!
O mais é apenas para homem em estado de candidatura a tornar-se “Deus”.
Nele,
Caio
23 de outubro de 2008
Lago Norte
Brasília
DF
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