Quem presta atenção nos verbos que Lucas usa em Atos para designar as falas públicas de Paulo, observa uma progressão no poder de sua comunicação do Evangelho.
Em Atos se começa dizendo que logo após converter-se pregava afirmando...
Depois se diz que ele demonstrava...
Ainda a seguir se diz que ele expunha e discorria...
Então vem a fase do persuadir os homens...
E tudo isto acompanhado de demonstração do Espírito e de poder, por força de sinais, curas, milagres, libertações de espíritos malignos, e, sobretudo, de muita paixão, ao ponto que se diz que em Atenas, antes de discorrer e discutir com os filósofos, seu espírito se revoltava em face da idolatria reinante na cidade.
Ora, a palavra grega traduzida para “revoltava” era a mesma que designava um ataque epilético, tamanha era a intensidade de seu sentir e de seu interpretar da existência com os olhos de Deus.
Paulo crescera da pregação de afirmação pessoal de experiência para a demonstração de quem era Jesus.
A seguir sua intimidade com Jesus e com as Escrituras, se fundiram de um modo tão profundo, que ele simplesmente discorria sobre tudo que sobre Jesus se dizia em toda a Escritura.
Quando se diz que Paulo “expunha” sobre Jesus, se diz que ele arrancava Jesus do mistério das Escrituras e o lançava ante a face das pessoas.
Então, tudo criou uma síntese tão profunda e natural, e, mais que isto: tudo se fundiu num corpo tão sólido e único de entendimento, que, para Paulo, cada fala sobre Jesus, cada ensino, cada discussão, vinham carregados de persuasão, de uma lógica experiencial que se fazia acompanhar de uma lógica argumentativa, que, carregados pelo peso da paixão visceral que o possuía, não deixavam espaço para que alguém se equivocasse sobre a importância de vida ou morte do que aquele homem apresentava.
Quando o néctar do Evangelho fez sua síntese mais madura em Paulo, até os inimigos de sua mensagem usavam a palavra persuadir para designar o que ele fazia na cabeça das pessoas pelo poder do Evangelho.
Nosso desafio como gente que diz que quer viver e pregar o Evangelho é esse: que passemos da afirmação, para a demonstração, para o discorrer, para a exposição e, por fim, para o nível da persuasão, que é quando a autoridade no espírito é maior do que os argumentos e as lógicas.
Ora, isto só acontece no forjamento no caminho... Na Palavra. Na confiança nela. E, sobretudo, ousando crer que o que Jesus disse é verdade.
Então se vê...
Ora, é assim que nosso olhar pode se tornar como um bisturi que abre a existência... E a Palavra se torna cada vez mais espada em nossa boca.
É isto que também aprendo com Paulo.
Caio
9 de maio de 2009
Lago Norte
Brasília
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