Por que eu digo que creio no Evangelho?— é a pergunta que todo discípulo de Jesus deve se fazer de vez em quando.Isto porque em fases distintas da vida a gente mantém diferentes perspectivas de quem é Deus para nós, quem somos nós para Ele, e quais são nossas motivações em relação a Deus no que diz respeito ao nosso modo de viver a fé, e, sobretudo, de senti-la e expressa-la no mundo.A maioria das pessoas pensam que a única maneira de servir a Deus é se dedicando às programações da igreja, a ter gosto por reuniões de oração, e não ter vergonha de "falar de Jesus" a todos os que encontrarem.O trabalho na vida normal é, para tais pessoas, uma coisa suportável, na melhor das hipóteses. Mas, a maioria, sofre o trabalho, pois gostaria de servir apenas a causa de Deus, que é fazer a igreja crescer, e, assim, dominar a sociedade com a influência dos cristãos.Enquanto isto, entre os pastores, a motivação para pregar a palavra vai da admiração aos "maiores" líderes, ao querer ser útil a Deus, ao ter um nome entre os grandes, ou porque o indivíduo sente que se ele não defender a verdade, ela corre o risco de se perder na Terra. Sem falar daqueles que pregam apenas porque precisam fazê-lo, pois servem-se desse expediente a fim de ganhar dinheiro.Não podemos esquecer também do pastor cansado e desanimado, e que prega gemendo, pois, caso pudesse viver sem o dinheiro da igreja, ele mesmo se aposentaria de tudo.Existem ainda os sinceros, e que pregam com amor aflito e angustiado, pois crêem que se não anunciarem a Jesus, e não plantarem novas igreja! s na Terra, o mundo inteiro está perdido, posto que Deus está de mãos amarradas e sem voz no planeta, a não ser que nos disponhamos a falar e agir por Ele.De um modo geral, a maioria se acostumou a ser "de Jesus", e não tem nem coragem de perguntar se aquela fé é verdade na vida dele, se realiza em sua existência o bem prometido.Quando a existência vai se mostrando tão aflita como a de qualquer outro ser humano da Terra, e quando o "benefício espiritual" não se manifesta como amor, alegria, paz, bondade, longanimidade, mansidão e domínio próprio—mas sim como infelicidade, amargura, ânsia persecutória, juízos e frustrações; então, a honestidade manda perguntar: O que está errado? É o Evangelho que não é verdade? Ou será que eu, na verdade, é que não vivo em verdade o que é o Evangelho?Tem gente que pensa que o Evangelho é o corpo de doutrinas da igreja e seu modo de entender o mundo. Tem gente que pensa que o Evangelho é algo para se ensinar, pois, seria pela propagação da informação que a salvação visitaria a Terra. Tem gente que pensa que o Evangelho é a igreja, de tal modo que ele mesmo é capaz de se referir ao crescimento da igreja no país como o "crescimento do evangelho".O Evangelho é a Boa Nova. O Evangelho é a certeza de que Deus se reconciliou com o mundo, em Cristo; e que agora os homens podem se desamedrontar, pois foi destruído aquele que tem o poder da morte — a saber: o diabo—; bem como foram libertos aqueles que estavam sujeitos à escravidão do medo da morte por toda a vida. Quem crer está livre, e pronto para começar a andar na paz.Ora, para se ter prazer em pregar o verdadeiro Evangelho—sem medo, sem ameaça, sem barganha, e sem galardão quantitativo, mas apenas qualitativo—, só se o coração estiver grato e cheio de amor. Ou seja: só se o indivíduo estiver tão pacificado na Graça, que pregar seja algo tão simples quanto o é para uma mangueira dar seus próprios frutos.Quando o Evangelho é a Boa Nova que livra do medo, então, anuncia-lo só é possível como puro e simples fruto da alegria e da gratidão contente.Eu acredito no poder do amor, da alegria, da gratidão e do contentamento. Por tais realidades espirituais é que a Boa Nova pode ser vivida e anunciada sem que a morte participe da motivação.A alegria de conhecer a Deus é o único motivador que deve motivar a anuncio do Evangelho.Portanto, quando o benefício do Evangelho se manifesta como bem espiritual—e que se expressa como amor, alegria, paz, bondade, benignidade, longanimidade, mansidão e domínio próprio na existência do indivíduo—, então, o seu anuncio não é nunca uma forçassão de barra, mas algo próprio e simples, a gera alegria nos corações dos que ouvem, pois, antes de ouvirem, eles mesmos viram o Evangelho na existência daquele que o anuncia.O Evangelho é Verdade. Mas só é ele que está sendo anunciado quando o resultado realiza libertação interior, pacificando o coração. Do contrário, tem o nome de evangelho, mas não é o Evangelho mesmo.Tem gente que se acostumou à miséria de uma existência sem paz e sem libertação do medo, e continua pensando que isto tudo é culpa do diabo, ao invés de perguntar a si própria: Será que aquilo no que creio é de fato o Evangelho?Preste atenção: o diabo tem poder, mas não tem nenhum poder quando o Evangelho da Graça liberta a consciência humana do medo. Deste dia em diante o diabo não participa mais de nossa vida, nem quando a gente peca. Isto porque uma coisa é pecar sem consciência da Graça. Outra é pecar com a consciência da Graça. No primeiro caso estabelece-se tristeza amargurada. No segundo caso, surge a renovação da consciência, brotando o arrependimento feliz e cheio de produções de vida.Quando o Evangelho é crido, o medo se vai. Então, o diabo perde seu poder. Assim, sem medo, o homem pode começar a si negar, pois ele já não tem que negar quem é. Assim, assumindo quem ele é, morre o "si-mesmo", que é quem ele não é, mas apenas "demonstra ser".Aí, neste ponto, começa a jornada de uma crescente libertação na verdade. E o resultado é um mergulho cada vez mais profundo na paz que excede a todo entendimento.Cristãos nervosos afligem-se com doutrinas. Discípulos de Jesus usufruem a verdade como libertação e pacificação.Onde há o Evangelho, aí há paz!
Caio.
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