Em meu coração as três imagens mais fortes do convite que Jesus fez ao discipulado são a do “Arado no Campo”, a do “Homem, os Tijolos e a Torre”, e a do “General no Campo de Batalha”.
O discípulo é como um homem arando um campo, e que, uma vez tendo posto a mão no arado, não deve mais olhar para trás, mas sim para frente; pois, assim como o é o caminho de alguém que ara a terra, assim é também o caminho daquele que Ara a Terra andando com Jesus: não se pode mais voltar atrás.
O discípulo é como um construtor de uma torre. Tem que ver se com os tijolos que possui pode terminar a torre projetada, pois, caso não o consiga, seu trabalho inacabado será sua própria vergonha, posto que todos os que passarem pelo caminho haverão de ver a obra incompleta, e dirão: “Este homem começou esta torre e não a terminou”.
O discípulo é como um general no campo de batalha, e que terá que avaliar se com seus 10 mil homens poderá enfrentar o adversário que vem contra ele com 20 mil; pois, não tendo como vencer a peleja, deve então enviar um comissão de acordo a fim de evitar a tragédia da carnificina no campo de guerra.
Assim, nas três imagens sacadas por Jesus da experiência da existência, a ênfase inicial recai sobre avaliar as implicações antes de começar. O homem do arado deve ver se pode prosseguir até o fim, o construtor deve ver se pode acabar a obra com o que dispõe, e o general deve ver se pode vencer seu inimigo antes de a guerra começar.
No caso do homem e do arado, a conclusão é que aquele que começa algo consciente em relação a Jesus deve buscar continuar, pois, aquele que põe a mão no arado e olha para trás não é digno do reino de Deus.
Já em relação ao homem e a torre o que Jesus diz na conclusão se vincula ao que se possa dizer sobre a leviandade de começar e desistir: “Esse homem começou uma obra e não pôde concluí-la”, dirão todos. Portanto, a ênfase recai sobre não sofrer tal vergonha.
No que diz respeito ao general e a guerra, Jesus manda ver se é possível guerrear para vencer, do contrário, como a derrota implica em morte, o conselho é que o general mande uma comissão buscando um acordo de paz ou mesmo a fim de estabelecer os termos da rendição que preserva a vida.
Assim, o discípulo dever ver..., medir, avaliar, calcular, e decidir.
Por isso, o discípulo não pode ser um empolgado, mas sim um ser consciente.
E mais: Jesus parece indicar claramente que melhor do que começar e não continuar... é ter a honestidade de nem mesmo iniciar se não se tem a disposição consciente e antecipada de ir até ao fim.
Quando encontrei e fui encontrado pela Palavra do Evangelho em 1973, meu pai me repetia esses três textos com muita freqüência.
Ora, o ensino que meu pai me passava ao citar esses textos era um só: Veja se você quer mesmo, pois, o Reino não é um show. Se você vai, vá; e se não pode ir, nem comece; pois, pior do que não ir é começar e não terminar.
Entretanto, em todas essas coisas o que se depreende é que os recursos estão dentro de cada um, e tudo depende da vontade e da disposição; posto que o homem no arado tem que prosseguir enquanto tiver forças, o homem que constrói a torre tem todos os tijolos que sua vontade de ter desejar possuir em perseverança, e o general terá todos os contingentes necessários se decidir jamais recuar.
Assim, os recursos ou materiais para que se conclua o empreendimento do discipulado não estão fora do homem, mas dentro dele.
Sim! E tais recursos são feitos de vontade, decisão e perseverança. Por isso é que é tão trágico anunciar que se vai andar conforme Jesus sem que se tenha avaliado as implicações da caminhada e do caminho segundo Ele.
Ora, dizendo isto Jesus não esperava perfeição dos discípulos [embora mandasse que buscassem refletir a perfeição do Pai como bondade e misericórdia], mas sim perseverança.
A perfeição do discípulo é sua perseverança em fé e amor!
Perseverança é fruto de consciência firme e de certeza de que no caminho se tem como Poder tudo o que não se tem como Conforto.
O Poder se aperfeiçoa na fraqueza!
Entretanto, a perseverança é feita de decisões diárias, momento a momento, sempre tendo em mente que só faltará disposição de prosseguir se eu olhar para trás; ou se eu não olhar para dentro de mim mesmo vendo honestamente se estou preparado para andar com Deus como quem vai para o campo de batalha; ou como quem vai construir uma “obra pública”, uma torre.
Quem ara a terra deve ir até ao fim da linha a ser arada no chão a fim de não desperdiçar as sementes já plantadas. Quem constrói deve concluir a fim de não se expor ao ridículo de começar algo “para fora”, ante a percepção de todos, e não terminar. E quem vai á guerra tem que ser responsável com a vida dos que com ele estão.
Ora, o campo não é fora, mas dentro do homem; assim como a torre é para fora, mas é de dentro do homem que ela procede; e o mesmo se deve dizer do campo de batalha, pois é dentro do homem que tal luta acontece, e ela apenas se projeta para fora, para a percepção dos demais.
Assim, se alguém quiser ser um discípulo, veja se haverá de arar o chão da vida com o arado do amor de Deus até o fim da jornada; e veja se com o que tem de disposição honesta está disposto a construir até o fim; e se com os contingentes de decisão que possui está disposto a prosseguir contra o mundo.
Do contrário, é melhor não ser discípulo do que confessar-se como tal sem ter a disposição de viver com as conseqüências.
Nele,
Caio
14/10/07
Lago Norte
Brasília
Um mês depois de meu pai ter concluído sua carreira em 14/09/07.
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